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Entrevista com Moisés Espírito Santo

2006

Abstract

Conheci o professor Moisés Espírito Santo através de seu livro A religião popular portuguesa, quando comecei a estudar o processo de transnacionalização das religiões afro-brasileiras em Portugal, em 1995. Estive com ele, nessa mesma época, em uma rápida conversa, quando fui presenteado com suas publicações do selo Instituto de Sociologia e Etnologia das Religiões da Universidade Nova de Lisboa. Ao longo dos anos passei a dialogar com ele sobre a recomposição do campo religioso português, modificado depois de 25 de abril de 1974, com a chamada Revolução dos Cravos, através de sua vasta bibliografia, em busca de compreensão das práticas religiosas lusas. Santo foi um dos primeiros sociólogos portugueses a se debruçar cientificamente e dar inteligibilidade sociológica e emográfica à cultura tradicional portuguesa. Permanece uma referência nos estudos de Sociologia da Religião em Portugal. Sua primeira especialização voltou-se para a Sociologia Rural, com a monografia Comunidade rural ao norte do Tejo, defendida na França (EHESS), em 1976. Deu continuidade à sua formação, com a Tese de Doutorado La religion paysanne dans le nord du PortugaL, defendida na mesma instituição, em 1979, fruto de pesquisa que resultou na publicação do clássico A religião popular em Portugal. Em seus estudos posteriores, voltou-se para as culturas do Mediterrâneo, a identidade mediterrânica das populações do território português, com as matrizes culturais fenícias/ cananéias/púnicas/cartaginesas comuns a todo seu território, mas com maior incidência no noroeste Português, algumas zonas de Trás-os-Montes e das Beiras. Dessas pesquisas emergiu um livro que causou polêmica com ecos internacionais: Os mouros fotimadas e as aparições de Fátima.